segunda-feira, 9 de abril de 2012

DOUTRINA DA RAINHA DO CÉU MARIA SANTÍSSIMA


sao joséA hora da morte




880. Minha caríssima filha, não é sem motivo que teu coração sentiu particular compaixão pelos que se acham em perigo de morte, desejando ajudá-los nessa hora. Realmente, conforme entendeste, naqueles momentos sofrem as almas incríveis e perigosos trabalhos por parte das ciladas do demónio, da própria natureza e dos objetos visíveis. Aquele instante é o termo do processo da vida que receberá a última sentença: de morte ou de vida etema, de pena ou glória peipétua.



O Altíssimo, que te inspirou aquele desejo, quer aceitá-lo para que o executes. De minha parte, te confirmo o mesmo e te admoesto a colaborares com todo esforço possível para nos obedecer. Adverte, pois, amiga: quando Lúcifer e seus ministros das trevas reconhecem, pelos acidentes e causas naturais, que a pessoa está com perigosa e mortal enfermidade, imediatamente preparam toda sua malícia e astúcia, para investir contra o pobre e ignorante enfermo, e tentar derrubá-lo com diversas tentações. Como a esses inimigos está a terminar o prazo de perseguir a alma, querem suprir a falta de tempo pela violência da ira e maldade.

Os últimos combates



881. Para isto, reunem-se como lobos carniceiros, e examinam de novo o estado do enfermo: seu temperamento natural ou adquirido, suas inclinações, hábitos e costumes, e qual seu lado fraco por onde atacá-lo mais. Aos que têm desordenado apego á vida, persuadem que o perigo não é tanto e impedem que outros o avisem. Aos que foram remissos e negligentes no uso dos sacramentos, re-forçam-lhe a tibieza, sugerem-lhes maiores dificuldades e adiamentos, para que morram sem eles ou os recebam sem fruto e com más disposições. A outros, propõem sugestões de vergonha, para não abrirem suas consciências e declararem seus pecados. A estes, embaraçam e retardam, para não manifestarem seus compromissos e não desenredarem a consciência. Àqueles que amam a vaidade, lhes propõem ordenar, naquela última hora, muitas coisas vãs e soberbas, para serem cumpridas depois de sua moite. Aos avarentos e sensuais inclinam com muita força ao que cegamente amaram.



De todos os maus hábitos e costumes, vale-se o cruel inimigo para arrastá-los atrás de objetos e assim lhes dificultar ou impossibilitara salvação. Cada ato pecaminoso praticado durante a vida, e que contribui à aquisição de hábitos viciosos, constitui penhor e arma para o comum inimigo lhes fazer guerra naquela tremenda hora da morte. Cada apetite satisfeito, abre-lhe o caminho para penetrar na fortaleza da alma. Uma vez dentro dela, lança-lhe seu depravado hálito e levanta densas trevas que são seu efeito. Tudo isto para que não acolham as divinas inspirações, não tenham verdadeira contrição de seus pecados e não façam reparação de sua má vida.



Desprezo dos meios de salvação



882. Geralmente fazem estes inimigos grande estrago naquela hora, sugerindo a ilusória esperança de que os enfermos ainda viverão, e com o tempo poderão executar o que, no momento, Deus lhes inspira por seus anjos. Com esta ilusão se enganam e perdem. Grande é também, naquela hora, o perigo dos que durante a vida desprezam o socorro dos santos sacramentos.

Este desprezo, muito ofensivo ao Senhor e aos santos, a divina justiça costuma castigar abandonando estas almas ao próprio conselho, pois não quiseram se aproveitar do remédio no tempo oportuno. Tendo-o desprezado, merecem, por justos juízos, serem desprezados na última hora, para a qual prorrogaram com louca ousadia, a busca da salvação eterna. Poucos são os justos a quem no último combate, a antiga serpente não ataca com incrível sanha. Se aos grandes santos pretendem então derribar, que podem esperar os viciosos, negligentes e cheios de pecados? Estes, que empregam toda a vida para desmerecer a graça e favor divino e não possuem as obras que os possam defender contra o inimigo?

Meu santo esposo José foi um dos que gozaram o privilégio de não ver nem sentir o demónio naquele transe. Quando os malignos tentaram se aproximar, sentiram que uma força poderosa os mantinha distantes, e foram pelos santos anjos, repelidos e precipitados no abismo. Ao se sentirem tão oprimidos e aterrados - a teu modo de entender - ficaram confusos, sobressaltados e aturdidos. Isto deu motivo para Lúcifer reunir no inferno uma junta ou conciliábulo, investigando se, por acaso, nele já se encontrava o Messias.

Tal vida, tal morte



883. Daqui compreenderás o grande perigo da morte, e quantas almas perecem naquela hora, quando começam a frutificar os méritos e os pecados.

Não te declaro os muitos que se condenam, para não morreres de pena, se tens verdadeiro amor ao Senhor. A regra geral, porém, é que à virtuosa vida segue-se boa morte; o resto é duvidoso, raro e contingente. O remédio e segurança é prevenir-se muito antes. Por isto, advirto-te que, ao veres a luz no amanhecer de cada dia, penses ser aquele o último de tua vida. E, como se de fato fosse, pois não sabes se o será, ordenes tua alma de modo a receber alegremente a morte, se ela vier. Não demores um instante em te arrependeres dos pecados, com propósito de os confessar se os tiveres, e emendar até a mínima imperfeição.

Não deixes em tua consciência falta alguma repreensível, sem te doeres e te lavares com o sangue de Cristo, meu Filho santíssimo. Põe-te no estado em que possas aparecer na presença do justo Juiz, que te examinará e julgará até o mínimo pensamento e movimento de tuas potências.



Orar pelos agonizantes



884. Para ajudares, como desejas, aos que estão naquele perigoso fim, em primeiro lugar aconselha a todos o mesmo que te advirto: cuidem da alma durante a vida e assim terão feliz morte. Além disso, rezarás nessa intenção todos os dias, sem falta. Fervorosamente, suplica ao Todo-poderoso que aniquile os enganos do demónio, quebre os laços e ciladas que armam aos agonizantes, e sejam humilhados por sua destra divina.

Sabes que eu fazia tal oração pelos mortais, e quero que me imitesnisso. Do mesmo modo te ordeno que, para mais ajudá-los, mandes aos demónios que

deles se afastem e não os oprimam. Bem podes usar deste poder, mesmo que não este-

jas presente, pois o está o Senhor em cujo nome hás de subjugá-los, para maior honra

e glória de Deus.



A morte das religiosas



885. As tuas religiosas, em tais ocasiões, esclarece no que devem fazer, sem perturbá-las. Admoesta-as para que recebam os santos sacramentos e sempre os frequentem. Procura animá-las e consolá-las falando-lhes das coisas de Deus, de seus mistérios e Escrituras. Que seus bons desejos e afetos despertem e as disponham para receber a luz e influência do alto. Fortalece-lhes a esperança, encoraja-as contra as tentações e ensina-lhes como deverão resistir a elas e vencê-las. Procura conhecê-las, e mesmo que a paciente não as revelar, o Altíssimo te dará luz,para as entenderes e aplicar a cada uma o conveniente remédio, porque as enfermidades espirituais são difíceis de se conhecer e curar.

Tudo o que te admoesto deverás praticar, como filha caríssima, em obséquio do Senhor, e eu alcançarei de sua grandeza alguns privilégios para ti e para os que desejares ajudar naquela temível hora. Não sejas escassa na caridade, pois não agirás pelo que és, mas sim pelo que o Altíssimo quiser fazer por meio de ti.

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