IMAGEM CONTENDO OS RESTOS MORTAIS DE SÃO GABRIEL DA VIRGEM DOLOROSA

EU SOU UMA JOVEM PEREGRINA DAS APARIÇÕES DE JACAREÍ, TENHO 17 ANOS E ATRAVÉS DESSE BLOG DESEJO AJUDAR NA DIVULGAÇÃO DAS MENSAGENS DE NOSSA SENHORA QUE SÃO REVELADAS AO VIDENTE MARCOS TADEU TEIXEIRA À 25 ANOS. EM ESPECIAL CONVIDO OS JOVENS A CONHECEREM O AMOR DE DEUS E SUA MÃE SANTÍSSIMA, QUE NESSE MUNDO QUE VIVEMOS SÃO POUCOS OS QUE CONHECEM. NOSSA SENHORA NOS PEDE ORAÇÃO, CONVERSÃO, AMOR E OBEDIÊNCIA ÀS SUAS MENSAGENS.
quarta-feira, 1 de outubro de 2014
São Gabriel da Virgem Dolorosa
VIDA DE SÃO GABRIEL DA VIRGEM DOLOROSA
A graciosa cidade italiana de
Spoleto, na Perúgia, acordou radiante de alegria numa manhã da Oitava da
Assunção de Maria, em 22 de agosto de 1856. Seus habitantes celebravam
com
júbilo
a festa da Padroeira, agradecendo de modo especial o terem sido libertos da
peste que devastara a região nos últimos anos.
Um belo quadro da Mãe de Deus,
conhecido como a Madonna Del Duomo
Del Duomo
- Nossa Senhora da Catedral - ou a Sacra Icona - Sagrada Imagem -, havia sido
retirado de seu relicário para ser conduzido pelas ruas, em solene procissão.
Era um ícone de estilo bizantino doado à cidade pelo imperador Frederico
Barba-Ruiva, em 1155, como sinal de reconciliação e de paz.
Segundo a tradição, teria sido
pintado por São Lucas e se conservara na Catedral de Constantinopla até a época
das perseguições iconoclastas. Não havia, naquelas animadas ruas, quem não
caísse de joelhos ao ver desfilar com grande pompa a milagrosa imagem da Rainha
do Céu. Todos esperavam receber d'Ela uma graça almejada, um consolo, uma
bênção particular.
Entre a multidão dos fiéis,
aguardando a passagem do venerado ícone, destacava-se, naquele dia, um jovem de
porte distinto e jovial. Quando a Sagrada Imagem da Santíssima Virgem passou
diante dele e seu olhar fitou os olhos arrebatadores da imagem, ouviu de modo
claro em seu interior estas inesquecíveis palavras: "Francisco, o que
fazes no mundo? Tu não foste feito para ele. Segue a tua vocação!".1
Nesse momento, dando livre curso a
abundantes lágrimas de agradecimento e compunção, tomou a firme resolução que
há tempo vinha postergando: ser religioso, decidindo entrar na Congregação dos
Passionistas. "Oh! Em que abismo não teria certamente caído se Maria,
benigna até para com aqueles que não A invocam, não tivesse acorrido
misericordiosamente em meu auxílio naquela Oitava de sua Assunção!",
exclamaria ele, algum tempo depois. Tal episódio comovedor foi o decisivo ponto
de inflexão na vida curta, mas gloriosa, de um dos grandes santos do século
XIX: São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, conhecido como "o santo dos
jovens, dos milagres e do sorriso".
Vivaz, gentil e cheio de afeto
Nascido em 1º de março de 1838, em
Assis, foi ele batizado no mesmo dia com o nome de Francisco, em honra ao
Poverello. Undécimo filho de uma família de treze irmãos, seu pai, o advogado
Sante Possenti, exercia na época o cargo de prefeito. A mãe, Angese Frisciotti,
pertencia a uma família de nobre ascendência, e morreu quando ele tinha apenas
quatro anos.
Apesar de possuir um coração propenso
à generosidade e simpatia, imperava no espírito daquele terno menino um
temperamento indômito que, quando contrariado, se exteriorizava inúmeras vezes
em ímpetos de cólera, durante os quais seus olhos escuros tornavam-se
brilhantes e os pés batiam no chão com energia.
Tendo ele três anos de idade, a
família Possenti transferiu-se para Spoleto, onde transcorreriam sua infância e
adolescência. Ali Francisco se distinguiu por seu caráter vivaz, cheio de
afeto, gentil, palavra fácil e cheia de graça, voz sonora e olhar penetrante.
Seu diretor espiritual, o padre Norberto Cassinelli assim o descreve:
"Reunia em si muitos dotes dificilmente encontráveis numa só pessoa. Era
em verdade belo de alma e de corpo".
Esse temperamento amável e
privilegiado não excluía o amor ao risco, tão comum na adolescência. O
comandante da guarnição militar de Spoleto, grande amigo de seu pai, instruíra
o jovenzinho a manejar com certeira pontaria a pistola e o fuzil. Sendo a caça
seu lazer favorito, em um ano ganhou como presente de Natal uma bela
escopeta... que não deixaria de ocasionar sobressaltos e preocupações a seu
progenitor.
Aos 13 anos começou a frequentar a
escola dos jesuítas, onde se sobressaía a todos os companheiros. Ele "era
o preferido para declamar nas soirées acadêmicas. [...] Todos o queriam, tudo
lhe sorria, tudo corria de acordo com seus desejos... Seu maior gosto era
brilhar nas festas, nos saraus e no teatro".
Também o baile constituía para ele
grande motivo de atração. Dançava com tal habilidade que se tornou conhecido
pelo apelativo de "il ballerino", e como tal animava os mais
cotados salões da cidade.
Esses momentos passados em frívolas
distrações atormentaram depois sua consciência, levando-a a exclamar com
frequência: "Ó, vaidade de meus passatempos!... Que cegueira a
minha!...
Eu
não
vivia senão por um pouco de fumaça!...".
Porém, o jovem Francisco professava
no seu interior uma fé pura e sincera. "Nunca se aproximava dos
Sacramentos sem deixar transparecer os profundos sentimentos de fé e de
religioso respeito dos quais esjotava compenetrado" declarou um dos seus
mais íntimos amigos da época. "Quantas vezes o vi de mãos juntas, olhos
umedecidos pelas lágrimas e como que arrebatado em profundos
pensamentos!".
Sobretudo, ninguém podia imaginar que
aquele jovem aplaudido e aprovado por todos levava, sob as roupas elegantes e
luxuosas, um rude cilício de couro cravejado de agudas pontas de ferro. No
vaivém superficial dos acontecimentos, o anseio de trilhar algum dia na vida
religiosa começava a despontar em sua alma. Faltavam, todavia, alguns lances
decisivos para dar o derradeiro adeus ao mundo.
Após a morte da mãe, sua irmã mais
velha, Maria Luísa, fora para ele um de seus principais esteios. Muito formosa,
encontrava- -se ela na flor da idade quando irrompeu em Spoleto uma assoladora
epidemia de cólera, da qual foi a primeira vítima... A morte da jovem, ocorrida
no ano de 1855, causou em Francisco o impacto de um raio.
Disso se valeu a Providência para
abrir-lhe os olhos sobre sua vocação. Logo após o falecimento, ele expôs a seu
pai a resolução de ingressar num convento. Este, entretanto, recusou sua
autorização, temendo que tal desejo fosse o fruto efêmero de um momento de dor.
Receio, na aparência, confirmado, pois, com o correr do tempo, as atrações do
mundo começaram a abafar de novo aquele anelo interior... "Podia eu"
- escreveria depois Francisco a um de seus companheiros - "gozar de mais
prazeres e diversões? E o que ficou de tudo aquilo? Nada mais do que vergonha,
temores e turbações".
Foi nessa situação que veio dar-se o
crucial encontro com a Sacra Icona, graças ao qual o renitente jovem decidiu
abraçar para sempre a vida religiosa.
Poucos dias depois desse episódio, em
5 de setembro, a mais seleta sociedade de Spoleto reunia-se no salão de
cerimônias do Liceu Jesuíta, para assistir à distribuição dos prêmios de fim de
curso. Enquanto presidente da Academia Literária, Francisco ocupava no salão um
lugar proeminente.
Chegada a hora de subir ao cenário, a
assistência prorrompeu em exclamações de entusiasmo, vendo um adolescente de
dezoito anos apresentar- se com tanta elegância e distinção. "Aquele
timbre de voz, aquela sonoridade, aquela vocalização e, sobretudo, aquela graça
de expressão e de gestos eletrizavam e sacudiam os corações mais
apáticos". Terminado o discurso, todos desejavam felicitá-lo, aclamá-lo,
cumprimentá-lo, e ele respondia com seu habitual sorriso.
A decisão, porém, estava tomada. No
dia seguinte, ele partiria para uma mudança de vida definitiva. Com apenas 18
anos, trocava um brilhante porvir por uma vida de renúncia e recolhimento.
Dava, sim, um passo árduo, mas com o coração pervadido de alegria.
De lá, dirigiu-se a Morrovalle para
dar início ao noviciado passionista. "Ele, o elegante bailarino, o
brilhante animador dos salões de Spoleto, escolheu entrar no austero Instituto
dos Passionistas, fundado em 1720 por São Paulo da Cruz, com a missão de
anunciar, através da vida contemplativa e do apostolado, o amor de Deus
revelado na Paixão de Cristo".
A mudança do nome para Gabriel de
Nossa Senhora das Dores marcou a morte para a vida passada e o começo da
caminhada nas vias da perfeição. Quando, em conversa com seus companheiros de
convento, o assunto recaía sobre os acontecimentos do mundo, ele a interrompia
com um sereno sorriso: "Por que falarmos daquilo que temos de abandonar
para sempre? Deixem que os mortos enterrem seus mortos".
Não pensemos, entretanto, que a
adaptação à austera vida religiosa foi fácil para aquele jovem de vida
acomodada. Acostumado às comidas finas, "os insípidos alimentos do pobre
convento passionista causavam-lhe uma repugnância invencível. Apesar dos protestos
de sua natureza, insistia ele em comê-los, até que seus superiores,
compadecidos, permitiram-lhe, temporariamente, algum alívio". O mesmo
acontecia com outros aspectos de observância da disciplina, mas ele fazia
questão de cumprir eximiamente os horários e obrigações do noviciado, por muito
esforço que isso lhe custasse, dada sua delicada compleição.
Amor à Paixão de Cristo e a Maria
Santíssima
A essa devoção característica da
congregação em que ingressara, no entanto, unia-se um amor "entusiasta,
engenhoso e aceso à Santíssima Virgem". Seu famoso Credo di Maria
revela-nos o encanto dessa alma apaixonada pela Mãe de Deus:
"Creio, ó Maria, [...] que sois
a Mãe de todos os homens. [...] Creio que não há outro nome, fora do nome de
Jesus, tão transbordante de graça, esperança e suavidade para aqueles que o
invocam. [...] Creio que quem se apoia em Vós não cairá em pecado, e quem Vos
honra alcançará a vida eterna. [...] Creio que vossa beleza afugentava todo
movimento de impureza e inspirava pensamentos castos".
Na mente do noviço Gabriel, não havia
espaço para nenhum outro pensamento a não ser Jesus e Maria. E sentia uma tão
entranhada necessidade de levar às últimas consequências sua entrega a Deus e a
Maria Santíssima que, certa vez, ao ouvir os passos de seu diretor espiritual,
abriu a porta da cela e, arrojando-se a seus pés, lhe suplicou: "Padre, se
achar em mim qualquer coisa, por pequena que seja, que não agrade a Deus, eu,
com sua ajuda, quero arrancá-la a todo custo!". O sacerdote
respondeu-lhe que, no momento, nada via, contudo não deixaria de alertá-lo ao
perceber algum sinal. Com essa garantia, o dócil religioso acalmou-se
completamente.
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Reconhecendo
na hora suprema sua fraqueza, o santo repetia:
"Meus méritos são as vossas chagas, Senhor!" |
Sua curta existência foi pontilhada
de atos admiráveis, pois tudo praticava com espírito de inteira elevação e
sublimidade: "Nossa perfeição não consiste em fazer coisas
extraordinárias, mas em executar bem as ordinárias"costumava dizer.
Após um ano e meio de noviciado, em
fevereiro de 1858, Gabriel deu início aos estudos para o sacerdócio, passando a
morar finalmente no convento de Isola del Gran Sasso, onde viria falecer. Em 25
de maio de 1861, recebeu as ordens menores na Catedral de Penne. Pelos arcanos
desígnios da Providência, porém, não chegaria a tornar-se presbítero.
No final desse mesmo ano, uma
terrível tuberculose o acometeu. Ora, longe de impedir-lhe o avanço nas vias da
virtude, a fatal enfermidade servia-lhe para escalar com mais rapidez os
píncaros da santidade. Deus dispôs que ele fosse sendo consumido aos poucos
pela doença, para aumentar-lhe os méritos e dar aos outros ocasião de se
edificarem com seu exemplo.
No leito de morte, restava-lhe ainda
enfrentar o pior drama da sua vida: os derradeiros assaltos do demônio e a
terrível provação decorrente de uma "noite escura da alma". Entretanto, também dessa última prova saiu vencedor. O sacerdote que lhe
prestava assistência na hora suprema ouviu- o repetir três vezes, em curtos
intervalos de tempo, esta frase de São Bernardo, pela qual ele reconhecia
diante de Deus sua própria fraqueza: "Vulnera tua, merita mea. Meus
méritos são vossas chagas, Senhor!".
Na manhã de 27 de fevereiro de 1862,
com o coração transbordante de alegria, as mãos cruzadas sobre o peito,
apertando o crucifixo e a imagem da Virgem Dolorosa, Gabriel sorriu pela última
vez, extasiado, ao contemplar com os olhos da alma Aquela a quem servira na
Terra com tanta doçura. O "santo do sorriso" tinha, então, apenas 24
anos de idade.
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